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O estereótipo dos extremos femininos

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    Colaborador externo
  • 18 de out. de 2023
  • 2 min de leitura

Atualizado: 20 de fev.

Uma reflexão pertinente para este dia dos professores

Por Ana Bheatriz | 18 de outubro de 2023

"Imaginação sociológica" é um termo cunhado pelo sociólogo estadunidense Charles Wright Mills em seu livro do mesmo nome lançado em 1959. Para o autor, os modos de vida social são arbitrários e amplamente influenciados pelos processos históricos; em outras palavras, o que consideramos natural ou normal pode não ser tão natural quanto pensamos.

Ao desnormalizar situações do cotidiano, conseguimos entender como os fins se tornaram o que são, levando, enfim, o indivíduo a entender melhor a si próprio e o mundo do qual faz parte.


Livro: "A Imaginação Sociológica" de Charles Wright Mills
Livro: "A Imaginação Sociológica" de Charles Wright Mills

Ao trazer essa problemática ao ambiente escolar, você, leitor e aluno, já reparou na diferença do comportamento estudantil perante o professor homem e perante a professora mulher? Por que quando um professor é rígido, ele é respeitado, mas quando uma professora faz o mesmo, é demonizada?

A mulher não tem o privilégio de estar no meio-termo, sempre variando entre os extremos. Quando não é brava, é dócil. Quando não é rígida, é boazinha demais. Cada adjetivo anteriormente citado tem sua respectiva caracterização; Eva e Lilith.


A primeira é proveniente da ideia da natureza feminina pura e casta, meiga e maternal, sempre cuidando de todos e nunca sendo egoísta ou saindo desse papel. Já Lilith é retratada como traiçoeira, indigna, inimiga de todos e propagadora do mal. É importante lembrar, caro leitor, que ambas não podem coexistir no mesmo indivíduo.


No entanto, essas ideias não surgiram do nada; foram construídas desde tempos primórdios e reforçadas ainda mais com a criação e generalização da mídia. Essa dualidade é bem retratada na literatura, especialmente nas escolas do Romantismo e Realismo, que transitam entre a mulher idealizada e a quebra dessa imagem.


O reflexo dessa construção pode ser observado em nossos pensamentos e comportamentos cotidianos em relação às profissionais femininas. Por exemplo: 'Ela é boazinha, então na aula dela posso fazer o que quiser' ou 'Ela é doida, vou ficar quieta na aula dela, senão ela surta'. Essa ideia propagada pela materialização dos ideais ultrapassados e misóginos limita a liberdade das mulheres e perpetua a desigualdade de gênero. Como autoridade no momento da aula, sua professora deve receber o devido respeito, independentemente de seu gênero e de seus gostos.



2 Comments


Guest
Oct 20, 2023

o assunto do artigo me fez refletir sobre, PARABÉNS para quem escreveu, senti uma pedrada. (Habla mesmo Bhiaaa)

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Guest
Oct 19, 2023

a lapada seca. escrita perfeita e análise muito bem elaborada sobre algo que acontece frequentemente no nosso cotidiano, porém as pessoas normalizam ou não enxergam com a seriedade que deveriam

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