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EEMTI Romeu de Castro Menezes prepara evento para discutir as raízes brasileiras

  • Foto do escritor: Ana Larissa
    Ana Larissa
  • 5 de dez. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 20 de fev.

O Festival Raízes acontecerá entre os dias 14 e 15 de dezembro e propõe discutir questões relacionadas às raízes afro-brasileiras e indígenas

Por Anna Larissa

Design do evento. Criação: Gestão do RCM
Design do evento. Criação: Gestão do RCM

O preconceito contra a cultura afro tem raízes históricas na escravidão e na colonização, períodos nos quais africanos foram desumanizados e tiveram suas culturas reprimidas. Nesse mesmo período também foram subjugados, no Brasil, os povos originários, o que perpetuou estereótipos negativos e desigualdades ao longo do tempo.


Pensando nisso, a EEMTI Romeu de Castro Menezes está desenvolvendo um projeto chamado “Festival Raízes” que aborda as influências das culturas afro e indígena na construção da identidade brasileira. O evento contará com salas temáticas, salas-museu, danças e outras manifestações culturais e artísticas.


A ornamentação das salas e a organização, de forma geral, ficou a cargo das turmas, que competirão entre os dias 14 e 15 de dezembro. Para saber sobre as expectativas para o evento confira, a seguir, as entrevistas realizadas com alguns professores da escola.

Larissa: Gostaríamos de saber sua opinião sobre o preconceito contra a cultura afro. 


Aline: Bom, a gente vai falar da questão do lugar de fala, né? Eu sou uma mulher parda, acho que a maioria da população brasileira se enquadra nesse quesito, já que nós temos uma miscigenação na questão da produção da nossa cultura brasileira. Antigamente a gente tinha um olhar diferenciado. Inclusive, a gente via os preconceitos como uma forma de "brincadeira". Ainda hoje, existem essas pessoas, né? Mas eu sempre busco me informar da melhor maneira possível para não cometer esses erros.


Larissa: Como você avalia o tratamento sobre essa questão na EEMTI Romeu de Castro Menezes?


Aline: Então, por exemplo, nós estamos passando por um momento da elaboração de um projeto chamado Raízes aqui na escola. Esse projeto leva em consideração tanto a cultura afro, referentes das nossas origens, como também da cultura indígena. E tem uma coisa que está sendo muito comentada hoje em dia, que é sobre a apropriação cultural, o que, na minha visão, é importante de ser comentada nas salas antes de propor ideias com esse tema. Porque, por exemplo, nós temos uma realidade no Brasil do período antes da colonização, que é os índios vivendo em tocas, não tendo um vocabulário, tendo, obviamente, a língua deles nativa, realizando os cultos de cada cultura, e nós da mesma forma temos a visão deste período colonial da população negra escravizada. Então, é importante lembrar disso, que isso é um período antes do período da colonização. E aí, muitas vezes, quando nós vamos retratar isso em danças, músicas, salas temáticas e em caracterização, nós tendemos a verificar apenas esse período e isso, muitas vezes, mostra de uma maneira distorcida a realidade desses povos, dessas culturas.

Larissa: Como você avalia o cenário brasileiro atual sobre a influência da cultura africana na cultura brasileira? 


Rafael: É um fato que o preconceito contra as expressões de matriz africana como um todo, seja música, seja religião, existe. E aí é que está o papel da gente em refletir sobre esse preconceito para desconstruí-lo. Eu costumo dizer que todas as práticas que tem como base essa matriz afro, ou ela é marginalizada, como a capoeira já foi marginalizada, como o samba já foi marginalizado, ou é demonizado, como as religiões de matriz africana, o candomblé, a umbanda, que passam por esse processo de demonização por parte de alguns grupos religiosos cristãos, e aí o que fazer com esse preconceito, né? Ele existe, é fato, não há como negar, ele existe. Então, sabendo que é um fato, que esse preconceito existe, qual o nosso papel enquanto espaço de educação? Falando como professor de História, como é que a gente. Pode pensar alternativas de combate, de reflexão sobre esse preconceito, né? Inclusive, estamos num processo aqui na Escola Romeu de Castro, a gente está desenvolvendo agora o projeto Raízes, que traz essa questão étnico racial como foco pra gente trabalhar.

Sabendo desse preconceito, é importante a gente se informar, a gente buscar letramento racial, buscar, também, entender e romper com os preconceitos criados, sejam eles religiosos, sejam eles culturais, enfim.

Larissa: Qual é a relevância de trazer esse debate para o ambiente escolar?


Rafael: Infelizmente, aqui na escola esse debate quase sempre é levado como piada em determinadas salas. Quando falamos sobre orixás, caboclos, batuques, sempre há preconceitos que surgem de determinados estudantes... Até mesmo de alguns colegas, professores, por falta de conhecimento mesmo. Então trazer o conhecimento, antes de qualquer coisa, apresentar essa realidade, que é presente, a contribuição cultural, a contribuição como um todo para a formação da sociedade brasileira, vindo dos povos que foram escravizados, dos descendentes desses é de suma importância. A comunidade negra contribui ativamente para a construção da nossa identidade, para o que é ser brasileiro.

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