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Estude enquanto eles dormem - Uma reflexão sobre 1° de maio

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    Colaborador externo
  • 1 de mai. de 2024
  • 2 min de leitura

Por Ana Bheatriz | 01 de maio de 2024


O dia de hoje é uma data muito importante, sendo adotada por diversos países como feriado. Diferida em 1919 a partir de um protesto estadunidense em prol da redução da jornada de trabalho, o 1º de maio de 1886 foi comemorado nos anos póstumos principalmente por grupos socialistas que procuravam homenagear a classe proletária. Mas meu objetivo no dia de hoje não é explicar a origem dessa data com riqueza de detalhes, e sim fazer uma reflexão sobre seu significado a partir de sua visibilidade por meio dos veículos midiáticos.


Para o sociólogo Karl Marx, a história da sociedade abrangia as lutas de classes desde o capitalismo inicial, sendo uma luta constante entre sociedades com interesses opostos. Essa divisão se deu por conta da apropriação que a classe dominante fez dos meios de produção, deixando o grupo explorado à mercê de seus caprichos, sendo a força de trabalho a única moeda de troca que o último grupo tinha consigo.


Nesse sentido, entendemos como os direitos trabalhistas foram conquistados arduamente. É de conhecimento geral que essas leis são extrapoladas e a falta de visibilidade aos grupos marginalizados em situações análogas à escravidão no ambiente de trabalho acaba por excluir tais indivíduos do seu direito à cidadania.

Trazendo outro conceito do sociólogo citado, a alienação acaba por aprisionar o sujeito ao trabalho, fazendo seu valor ser medido apenas pelo que tem e não pelo que é. A escola de Frankfurt traz uma análise a partir dos escritos de Marx sobre a Cultura de Massa, entendendo como a indústria cultural distrai o indivíduo de sua realidade maçante através da comercialização de mercadorias padronizadas, resultando na homogeneização da sociedade e promoção de uma submissão passiva da classe operária.


Não, não é estudando enquanto eles dormem que você vai ser um milionário. Essa é só mais uma ideologia da classe dominante usada pra te distrair da realidade maçante do mundo no qual vivemos. As redes sociais intensificaram essa distração, despotencializando a individualidade e enfraquecendo o pensamento crítico.


Basta vermos a dona Maria, que trabalha desde os 12 anos e agora com 60 continua vendendo dindin para sustentar os netos. Ela passa metade do dia trabalhando, o esforço realmente é tão determinante? 


É necessário termos consciência de classe e pensarmos coletivamente. Pra se ter uma noção, no ano de 2023, mais de 3 mil trabalhadores foram resgatados de ambientes análogos à escravidão, sendo a maioria no campo, de acordo com pesquisa realizada pela TV Brasil. A última vez que esses dados foram tão altos foi em 2009. 


Que nesse dia do trabalhador, possamos contestar o bilionário que fez fortuna do nada e o milionário que começou vendendo caneta. A meritocracia não existe e, sem as vendas da alienação, é muito mais difícil enfrentar o mundo. Porém, o tempo não espera e enquanto imploramos mentalmente por mais um surto de dopamina no TikTok, a classe dominante se alimenta economicamente da atrofiação dos nossos cérebros.


Arte da autora, Ana Bheatriz.

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