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Trabalho de NTPPS aborda a desvalorização das mulheres no ramo musical

  • Yegor Rodrigues
  • 1 de nov. de 2024
  • 5 min de leitura

Atualizado: 20 de fev.

A pesquisa  “A Visão da Sociedade e o Reconhecimento da Mulher no Ramo Musical” foi realizada pelos estudantes Adriana Evelyn, Carlos Henrique, João Augusto, Sabrina Rocha e Yegor Rodrigues.

Coletivo Cumades na Cena. Foto: equipe.
Coletivo Cumades na Cena. Foto: equipe.

O NTPPS

O Núcleo de Trabalho, Pesquisa e Demais Práticas Sociais é um componente curricular integrador que tem como objetivo o desenvolvimento de competências socioemocionais por meio da pesquisa, da interdisciplinaridade e do protagonismo estudantil.


“A Visão da Sociedade e o Reconhecimento da Mulher no Ramo Musical”

O projeto passou pela banca avaliadora no dia 10 de outubro e foi apresentada pelos alunos Adriana Evelyn, Carlos Henrique, João Augusto, Sabrina Rocha e Yegor Rodrigues, que tiveram orientação da professora Aline Teixeira e coorientação da professora Janaina Nascimento. 


O trabalho investiga a desvalorização que muitas mulheres sofrem dentro da música e busca levar o conhecimento obtido através da pesquisa para as pessoas da comunidade Nova Metrópole. Nesse sentido, o plano de ação pensado pela equipe seria uma matéria no Jornal RCM apresentando o trabalho e uma entrevista com o coletivo Cumades na Cena, grupo feminino de artistas da Caucaia.

Confira abaixo a entrevista com Ravena Oliveira, Priscila Nascimento, Nayra Alves e Letycia Wayne, integrantes do coletivo Cumades na Cena.


Yegor: Como surgiu o projeto Cumades na Cena?


Ravena Oliveira: “O Coletivo Cumades na Cena surge em 2020, da necessidade de criar um espaço para fortalecer e dar visibilidade às mulheres fazedoras de cultura, do nosso território. O projeto busca destacar o trabalho e a identidade dessas mulheres e proporcionar um espaço seguro para que compartilhem suas vozes e experiências.”

O coletivo luta contra as desigualdades e preconceitos de raça, gênero e classe e também serve como uma resposta ao cenário artístico cultural em que as mulheres enfrentam desafios para ter reconhecimento.”

Yegor: Como funcionam os encontros das artistas e os eventos que vocês proporcionam?


Ravena Oliveira: “São organizados através de saraus, oficinas e eventos culturais em que as participantes tem a oportunidade de compartilhar suas vivências e aprimorar suas habilidades artísticas. As atividades são e servem não apenas para a formação artística, mas também para o fortalecimento de uma rede de apoio e inspiração entre as mulheres.”


Yegor: Qual o principal objetivo do projeto?


Ravena Oliveira: “Promover a valorização e visibilidade das mulheres no cenário artístico, especialmente das que vêm de contextos marginalizados. O projeto busca criar oportunidades de capacitação e de reconhecimento, incentivando a autonomia e o protagonismo feminino. Ao dar voz a essas artistas, o projeto também almeja sensibilizar a sociedade sobre a importância da inclusão e da representatividade das mulheres nas artes.”


Yegor: Qual a importância que o Cumades na Cena tem na vida de vocês?


Nayra Alves: “Eu entrei no projeto recentemente, mas foi assim: a aldeia em si, a qual o coletivo foi formado, me acolheu bastante a partir do momento que eu vim buscar minha arte há uns dois  anos ou um ano e meio. Comecei a fazer amizade com as meninas e vi que aqui era um lugar que eu queria ficar por conta de todo apoio que eu recebi de todas as mulheres aqui na aldeia (...) também me encaixei pois tem várias artistas aqui então isso foi muito maravilhoso para mim.”


Priscila Nascimento: “Acredito que nós mulheres que atuam na cultura e as mulheres cearenses também tem um certo freio, de vez em quando, não só na cultura mas em qualquer profissão que a gente trabalha. Eu senti essa necessidade de, de alguma forma, tentar mudar isso e fortalecer a cultura (...) foi quando eu tive a ideia de criar o coletivo Cumades na Cena. A gente criou o primeiro sarau para trazer o protagonismo dessas mulheres que, às vezes, tem vontade de fazer alguma coisa na cultura, mas como não vê outra [mulher fazendo] ela não se sente tão à vontade. (...) Foi o que aconteceu comigo na cultura, antes eu era só uma simpatizante, mas quando eu vi algumas mulheres que atuam na cultura há muito tempo que eu admirava, aos poucos eu fui me chegando. Eu acredito que a ideia é essa, é você aparecer, trazer essa viabilidade e você ser uma referência, não que eu tenha essa pretensão de ser uma referência, mas eu acredito que de alguma forma isso ajuda.”


Letycia Wayne: “A Aldeia Hip-Hop salvou minha vida. Desde nova que eu trabalho com projeto sociais e [isso foi o que ajudou] quando meu irmão faleceu devido a guerra de facções que, infelizmente, a gente vive hoje. Eu saí de uma depressão focando aqui para que mais crianças saiam do crime e não entrem, que elas vejam outra alternativa, que tem a arte, tem a música, enfim, eu comecei basicamente por isso.”

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Yegor: Qual a visão do projeto sobre a descriminação que muitas cantoras e artistas sofrem?


Ravena Oliveira: “A descriminação que muitas cantoras enfrentam é um reflexo das desigualdades e preconceitos ainda presentes na sociedade. O Cumades na Cena entende que, além das barreiras profissionais, essas mulheres enfrentam preconceitos de gênero, raça e classe, que muitas vezes dificultam o acesso ao mercado e ao reconhecimento merecido. A visão do projeto é de que é essencial combater essas barreiras por meio do fortalecimento da rede de apoio entre as artistas e da criação de espaços que celebrem e promovam o talento e a contribuição cultural dessas mulheres.”


Nayra Alves: “Minha visão sobre isso é que desde a ditadura militar muitas mulheres cantoras vem sofrendo com o preconceito. Por exemplo, a Rita Lee foi até presa por mostrar a arte dela lutando contra a ditadura, isso é um fato histórico de que poucas pessoas sabem. Então as mulheres vêm lutando por sua arte há muito tempo, é tanto que tem artistas aqui por Fortaleza e Caucaia que não são muito conhecidos porque as pessoas não dão valor, não buscam ajudar o artista ou escutar sua obra.”


Priscila Nascimento: “A minha visão é que em qualquer área da sua vida, independente se é a cultura ou não, se você for deixar de fazer alguma coisa porque você não tem incentivo ou porque você sofre preconceito você nunca vai fazer nada e a gente que é mulher, que nasceu na periferia, que é mulher preta, desde sempre já nasce com isso de ter que enfrentar. A gente não tem a opção de parar, ou você enfrenta ou não vai pra frente. Eu sou do tipo de "quanto mais dizem não mais eu vou pra cima", acredito que a gente que vive na periferia já é resistente, só da gente nascer já é resistência. Todo ato que a gente faz no dia a dia é resistência. Já sofri, e ainda sofro, inclusive tem uma frase no meu livro de vivências que eu falo justamente sobre isso. Quando você é mulher você tem que provar sua capacidade, quando você é mulher preta periférica você tem que provar mais ainda.”


Letycia Wayne: ”Eu acredito que gente tem que procurar cada dia mais se unir porque a união realmente faz a força  e mulheres apoiarem outras mulheres já que tem muita intrigas em todo canto, acredito que a gente se unindo faz a diferença. Também não devemos nos importar com os outros, com o machismo e tem que se impor mesmo, ter voz, falar. Estamos tomando nosso lugar, que a gente tenha nosso lugar e não se apague.”





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