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- A Importância dos jornalistas negros no Brasil
A presença de jornalistas negros nas redações e nas telas dos veículos de comunicação tem um impacto direto no empoderamento da população negra. Por Maria Vitoria Soares Jornalista Maju Coutinho A representatividade é um tema crucial na sociedade, e os meios de comunicação desempenham um papel fundamental na construção de narrativas e na moldagem da opinião pública. No Brasil é essencial discutir a presença e o papel dos jornalistas negros na mídia. A presença de jornalistas negros nas redações e nas telas dos veículos de comunicação tem um impacto direto no empoderamento da população negra. A visibilidade desses profissionais inspira jovens negros a enxergarem possibilidades de carreira na área e a acreditarem em seu potencial. Apesar dos avanços conquistados, os jornalistas negros ainda enfrentam desafios no exercício de seu trabalho. O racismo estrutural se manifesta também nas redações, seja através de preconceitos velados ou da falta de oportunidades de ascensão profissional. No entanto, muitos jornalistas negros têm superado essas barreiras e se destacado em suas áreas de atuação, mostrando que a competência e o talento não têm cor.
- Mês da consciência negra dentro no ambiente escolar
Tornou-se rotina a falta de educação e descriminação com os colegas de classe, mostrando que não há preocupação em entender de fato o que é o dia da consciência negra Por Jacinta Yasmin O dia da consciência negra é determinado para repensar as lutas e resistência da população negra, mas esse fato não é levado em conta no ambiente escolar: atrás de cada "brincadeira besta" em decorrência do dia se esconde em "brechas" um pouco de racismo ou preconceito. Entretanto, tornou-se rotina a falta de educação e descriminação entre os colegas de classe, mostrando que não há preocupação em entender de fato o que é o dia da consciência negra, deixando a dúvida do que esse dia realmente se tornou através dos "olhos" do racismo oculto. Além disso, os alunos acham "normal", mas cadê o respeito com a luta de cada pessoa negra até os dias atuais? Ao expor essa situação recorrente é importante embasar os trabalhos feitos pela própria escola para evitar esses casos mostrando a importância através de projetos que são inseridos no ambiente escolar. Contudo, levando em consideração a posição dos professores sobre o assunto e o trabalho que vem sendo feito por eles, os alunos deveriam depreciar esse tipo de "brincadeira", pois o dia da consciência negra é justamente para refletir sobre isso e, ao invés de ocultar o racismo, deveríamos repensar nossas atitudes com o próximo.
- [Documentário] AmarElo - É Tudo Pra Ontem
Gravado no Teatro Municipal de São Paulo, o documentário do rapper brasileiro Emicida é dividido em três atos: plantar, regar e colher. Por Cecília Henrique Divulgação Netflix. O documentário “Emicida: AmarElo - É tudo pra ontem” dirigido por Fred Ouro Preto, disponível na plataforma de streaming Netflix, apresenta a trajetória de construção do décimo álbum de estúdio do rapper brasileiro Emicida. Gravado no Teatro Municipal de São Paulo, o documentário é dividido em três atos: plantar, regar e colher. Confira algumas opiniões dos alunos do 2º ano B, do bloco de Linguagens e Ciências Humanas da escola de tempo integral Romeu de Castro Menezes: “Acredito fortemente que esse documentário possui um valor simbólico para tantas pessoas que se veem sem representatividade, com suas raízes e cultura apagadas. Me emocionei em muitos momentos porque, além das músicas e toda a produção visual serem marcantes por si só, a narrativa se faz muito forte devido a sua carga histórica, nos fazendo refletir e entender - com angústia e revolta - tantos processos dolorosamente estabelecidos em nossa sociedade.” (Maria Viviane, estudante da EEMTI Romeu de Castro Menezes) “A oratória do Emicida é fenomenal, fluindo naturalmente a cada ponto trazido e nos fazendo sentir como crianças ansiando por contos infantis na calada da noite. Ao resgatar toda essa trajetória da cultura negra na música brasileira, Emicida planta uma reflexão em nossas mentes. Cabe a nós, espectadores, escolher regá-la.” (Anna Bheatriz, estudante da EEMTI Romeu de Castro Menezes) “É extremamente bom esse documentário, a forma como é abordado os acontecimentos históricos, como a importância dos negros na construção da indentidade cultural dos brasileiros.” (João Vitor Aprígio, estudante da EEMTI Romeu de Castro Menezes) “A influência do Emicida é muito mais que só a música, sendo conhecido como trazer referências a inúmeras batalhas de rap na periferia e sempre lutando para a valorização das classes baixas, também periferia e se tornou uma das grandes vezes da história do rap.” (Ana Rayanne, estudante da EEMTI Romeu de Castro Menezes)
- A riqueza espiritual das religiões de matriz africana: Umbanda e Candomblé
As religiões de matriz africana, como a Umbanda e o Candomblé, possuem uma rica tradição espiritual que tem conquistado cada vez mais adeptos ao redor do mundo. Por Evellyn Damasceno A Umbanda e o Candomblé são religiões de matriz africana que têm desempenhado um papel fundamental na preservação da cultura e no fortalecimento espiritual de seus seguidores. Além disso, essas religiões promovem a inclusão e o respeito à diversidade, tornando-se importantes agentes de transformação social. É essencial valorizar e respeitar a riqueza espiritual dessas religiões, reconhecendo sua contribuição para a construção de uma sociedade mais justa e multicultural. Confira abaixo elementos que destacam a importância e os aspectos positivos dessas religiões, bem como sua contribuição para a diversidade cultural e a busca pela espiritualidade. 1. Preservação da cultura africana: - A Umbanda e o Candomblé são religiões que preservam as tradições e crenças trazidas pelos africanos escravizados durante a diáspora. - Essas religiões valorizam a ancestralidade, resgatando e celebrando as raízes africanas. 2. Espiritualidade inclusiva: - Tanto a Umbanda quanto o Candomblé acolhem pessoas de diferentes origens étnicas, sociais e culturais. - Essas religiões promovem a igualdade entre seus adeptos, sem distinção de gênero, raça ou orientação sexual. 3. Relação com a natureza: - A Umbanda e o Candomblé possuem uma forte conexão com a natureza e os elementos da terra. - Através dos orixás, entidades divinas que representam forças da natureza, essas religiões ensinam sobre respeito e harmonia com o meio ambiente. 4. Valorização da espiritualidade individual: - As religiões de matriz africana incentivam a busca pela espiritualidade individual, permitindo que cada pessoa desenvolva uma relação única com suas divindades. - Através dos rituais, rezas e cantos, os adeptos encontram um espaço para se conectar com o divino e fortalecer sua fé.
- [Álbum] QVVJFA: uma análise sobre o álbum de Baco Exu do Blues
Lançado dia 26 de janeiro de 2022, o álbum revela-se uma jornada impressionante, explorando diversos aspectos da experiência humana e da cultura brasileira. Por Julia Kamilly O álbum "QVVJFA?" conta com participações especiais de outros cantores reconhecidos no cenário da música popular brasileira, o quarto álbum de estúdio do rapper, cantor e compositor Baco Exu do Blues sucede “Bluesman” lançado em 2018 e vencedor do festival de Cannes. “QVVJFA?” é uma sigla que se refere a frase "Quantas Vezes Você Já Foi Amado?” de cara, levando a entender que será um álbum mais introspectivo e sentimental. Cada faixa contribui para uma narrativa única, permitindo uma imersão profunda nas emoções e experiências do artista. Abaixo, confira a análise das letras. 1. "Sinto Tanta Raiva…" Como o próprio título sugere, a música carrega uma expressão de raiva e possivelmente uma reflexão sobre a sociedade. A força da entrega vocal e a instrumentação potente nos traz a carga que a música apresenta criando uma atmosfera intensa e provocante. “Me recordo dos meus ancestrais, todos continuaram Me culparam sobre crimes que não cometi e isso é tão errado Pensei em desistir, mas me acostumei com o peso de ser odiado Só porque venci querem que eu me sinta culpado Tudo bem, sempre fui maltratado Ter autoestima sendo como eu se tornou pecado Exu do Blues é vilão, um jovem inconsequente, surtado” 2. "Dois Amores" O tema central da música "Dois Amores" pode apontar para questões relacionadas a relacionamentos e dilemas emocionais com questionamentos presentes como em “Até o verão já foi, por que você ficou? / Meu amor chegou, mas meu ódio voltou / Por que eles insistem em testar minha fé / Sabendo que não vão conseguir?” A diversidade temática continua a enriquecer a experiência do ouvinte. 3. "Cigana" A inclusão de "Cigana" no álbum pode indicar uma quebra da abordagem mais romântica e convida o ouvinte a uma imersão do lado espiritual. “Vinha caminhando a pé / Para ver se encontrava a minha cigana de fé (eu vinha)” . O trecho inicial faz parte de uma cantiga “Pomba Gira Cigana da Estrada” que por diversas vezes a letra faz referências como por exemplo: “E na palma da minha mão (da minha mão) / Ela me mostrou meu caminho (caminho) / E me deu sua proteção / Hoje eu me sinto feliz” Trazendo um resgate não apenas espiritual mas cultural também. 4. "20 Ligações" A música "20 Ligações" proporciona uma conclusão reflexiva ou um olhar para o futuro, consolidando as narrativas apresentadas ao longo do álbum. 5. "Mulheres Grandes" A inclusão de "Mulheres Grandes" sugere uma reflexão e uma possível exploração da feminilidade sob uma perspectiva madura. “Mulheres grandes demais / Com desejos gigantes / Não servem pra ser amantes” “Mulheres Grandes" do Baco Exu do Blues é uma música que mergulha nas dinâmicas emocionais dos relacionamentos, apresentando uma mulher multifacetada e desafiando ideias convencionais sobre o amor. A mistura de humor, crueza e reflexão torna a música envolvente, permitindo que os ouvintes se conectem emocionalmente com a experiência compartilhada pelo narrador. 6. "Samba in Paris" (part. Gloria Groove) A mudança para a faixa "Samba in Paris" indica uma diversidade musical, com um bela mistura, possivelmente incorporando elementos do samba com uma perspectiva contemporânea do R&B. A fusão de estilos destaca a versatilidade artística do cantor. A letra é construída em torno de várias referências ao país europeu, com menções ao Museu do Louvre, Arco do Triunfo, a boate parisiense Moulin Rouge e a cidade Saint-Tropez. Especulando a história por trás da letra, é possível que tenha relação a viagem no festival de Cannes, já que inicialmente temos uma voz feminina relatando que já faz tempo que os dois não se vêem e que sente saudades do Baco: “Ça va, bébé? / Tu prends beaucoup de temps / Je sais que le Brésil est incroyable / Mais je besoin de toi ici, Baco / Tu me manques / J'ai hâte de te revoir / Bisous, amour” (Como cê tá, bebê? / Você tá levando tempo demais / Eu sei que o Brasil é incrível / Mas eu preciso de você aqui, Baco / Tô com saudades de você / Mal posso esperar pra te ver / Beijos, amor) . Toda essa narrativa nos é apresentada envolta de uma melodia envolvente e as vozes do Baco com a participação especial da cantora Gloria Groove, tem um ar mais intimista quando é possível ver além do trecho de uma possível ligação, um trecho de uma conversa com um homem sobre como é possível perceber quando alguém está apaixonado para encerrar a faixa. "Mas eu tive essa sensação muito doida, né / De que você tava apaixonado / Tinha voltado um / Tinha aparecido um brilhinho diferente nesse olhar de ursinho" 7. "Sei Partir" (part. Muse Maya) “Não me prometa se não vai cumprir / Se for só uma noite, tudo bem / Eu não sou frágil, mas eu sei partir / Não dependo de ninguém” . A sétima faixa do álbum já inicia com o famoso choque de realidade já bem conhecido nas músicas produzidas por Baco. Nos é estabelecida uma atmosfera melancólica, com o eu-lírico questionando o par romântico “Do que você tem medo? / Parecia corajoso / Fala que me odeia, me procura de novo” . Com o cantor explorando temas de despedida e autodescoberta. A instrumentação sutil e a entrega emocional do artista definem o tom introspectivo do álbum. 8. "Autoestima" A faixa traz os versos “Foram 25 anos pra eu me achar lindo. / Sempre tive o mesmo rosto, a moda que mudou de gosto. / E agora querem que eu entenda seu afeto repentino. / Eu só tô tentando achar a autoestima que roubaram de mim” . Para aqueles que não acompanhavam o cantor, Baco já sofreu inúmeros ataques gordofóbicos e racistas entre meados de 2017 e 2019, o que tem relação direta com os versos citados acima e a atual aparência do cantor. A música nos traz questões relevantes que vêm sendo mais discutidas nos últimos anos. Os corpos negros sempre foram animalizados e objetificados, justamente porque a sociedade tardou a agregar valor a eles. Apesar das mudanças que a sociedade vem passando nos últimos anos, ainda prevalece um pensamento de que a valorização da comunidade negra está atrelada às características físicas. A exploração da temática da autoestima pode trazer um ar mais pessoal ao álbum, permitindo que os ouvintes se identifiquem e se conectem emocionalmente. 9. "Lágrimas" (part. Gal Costa) A presença de uma faixa intitulada "Lágrimas" sugere uma exploração emocional mais intensa. Novamente sendo uma música que traz trechos de outra, desta vez sendo “ Lágrimas Negras ” da artista Gal Costa. “Lágrimas negras, caem, saem, saem / Lágrimas negras, caem, saem, saem” “Beleza são coisas acesas por dentro / Beleza são coisas acesas por dentro” Na narrativa o eu lírico mostra para os outros um lado “durão” mas para a pessoa amada ela não consegue desse jeito por não conseguir demonstrar o sentimento de amor como no trecho “Cássia, eu sou poeta, mas não aprendi a amar” fazendo referência a música “Malandragem” da cantora Cássia Eller. A sensibilidade lírica de Baco Exu do Blues pode oferecer uma representação visceral do misto de sentimentos presentes na música. Coisas já aparentes na música original que foram bem refletidas nesta adaptação. 10. "Inimigos" A abordagem de "Inimigos" além de explorar conflitos sociais e pessoais oferece uma crítica social perspicaz e letras adidas, coisa que Baco Exu do Blues é conhecido por fazer de melhor. “Rivais e polícia em cima Já que errar é humano, Deus é expectativa / Esmeralda no canino / Meninos latindo sem medo de nada / Meu chakra das ruas está bloqueado /O clima é pesado, muito olho gordo / Atacado por 5 eu atiro ou eu mordo” 11. "Imortais e Fatais 2" A continuação de uma faixa anterior presente no álbum Esú (2017) sugere uma exploração contínua de críticas à sociedade e questionamentos sobre a mesma. Com uma perceptível evolução com relação a musicalidade mas, mantendo a essência de uma mensagem poética profunda. “Quero dinheiro pra não ser escravo / A lei áurea é todo verso que eu escrevo / Rótulos me dão medo /Mestre de cerimônia não / Sou mestre cervejeiro / Amigo ou inimigo / Qual dos dois / Me mata primeiro” (Imortais e Fatais, 2017) “Minha cidade tem meu rosto, minha pele / O ódio é o próprio espelho, é fictício / Morremos pelos nossos, como cosplay de Cristo / Nessas ruas a inveja é o pior vício / Pólvora nas esquinas, pensamento de presa / Existe um motivo pro mar vir depois da areia” (Imortais e Fatais 2, 2022) 12. "4 da Manhã em Salvador" O uso do tempo e do local no título sugere uma narrativa específica. O Baco Exu do Blues pode estar compartilhando histórias íntimas ou reflexões pessoais, capturando a essência de sua cidade natal de modo a nos transportar para Salvador exatamente às 4 da manhã, somando de forma extremamente precisa o instrumental e a voz do cantor. De modo geral, "QVVJFA?" É uma obra ousada que explora as complexidades da vida, usando uma variedade de emoções e experiências através da lente única de Baco Exu do Blues. A diversidade musical e temática torna o álbum intrigante e inteligente oferecendo uma experiência auditiva rica, única e envolvente.
- EEMTI Romeu de Castro Menezes prepara evento para discutir as raízes brasileiras
O Festival Raízes acontecerá entre os dias 14 e 15 de dezembro e propõe discutir questões relacionadas às raízes afro-brasileiras e indígenas Por Anna Larissa Design do evento. Criação: Gestão do RCM O preconceito contra a cultura afro tem raízes históricas na escravidão e na colonização, períodos nos quais africanos foram desumanizados e tiveram suas culturas reprimidas. Nesse mesmo período também foram subjugados, no Brasil, os povos originários, o que perpetuou estereótipos negativos e desigualdades ao longo do tempo. Pensando nisso, a EEMTI Romeu de Castro Menezes está desenvolvendo um projeto chamado “Festival Raízes” que aborda as influências das culturas afro e indígena na construção da identidade brasileira. O evento contará com salas temáticas, salas-museu, danças e outras manifestações culturais e artísticas. A ornamentação das salas e a organização, de forma geral, ficou a cargo das turmas, que competirão entre os dias 14 e 15 de dezembro. Para saber sobre as expectativas para o evento confira, a seguir, as entrevistas realizadas com alguns professores da escola. Larissa: Gostaríamos de saber sua opinião sobre o preconceito contra a cultura afro. Aline: Bom, a gente vai falar da questão do lugar de fala, né? Eu sou uma mulher parda, acho que a maioria da população brasileira se enquadra nesse quesito, já que nós temos uma miscigenação na questão da produção da nossa cultura brasileira. Antigamente a gente tinha um olhar diferenciado. Inclusive, a gente via os preconceitos como uma forma de "brincadeira". Ainda hoje, existem essas pessoas, né? Mas eu sempre busco me informar da melhor maneira possível para não cometer esses erros. Larissa: Como você avalia o tratamento sobre essa questão na EEMTI Romeu de Castro Menezes? Aline: Então, por exemplo, nós estamos passando por um momento da elaboração de um projeto chamado Raízes aqui na escola. Esse projeto leva em consideração tanto a cultura afro, referentes das nossas origens, como também da cultura indígena. E tem uma coisa que está sendo muito comentada hoje em dia, que é sobre a apropriação cultural , o que, na minha visão, é importante de ser comentada nas salas antes de propor ideias com esse tema. Porque, por exemplo, nós temos uma realidade no Brasil do período antes da colonização, que é os índios vivendo em tocas, não tendo um vocabulário, tendo, obviamente, a língua deles nativa, realizando os cultos de cada cultura, e nós da mesma forma temos a visão deste período colonial da população negra escravizada. Então, é importante lembrar disso, que isso é um período antes do período da colonização. E aí, muitas vezes, quando nós vamos retratar isso em danças, músicas, salas temáticas e em caracterização, nós tendemos a verificar apenas esse período e isso, muitas vezes, mostra de uma maneira distorcida a realidade desses povos, dessas culturas. Larissa: Como você avalia o cenário brasileiro atual sobre a influência da cultura africana na cultura brasileira? Rafael: É um fato que o preconceito contra as expressões de matriz africana como um todo, seja música, seja religião, existe. E aí é que está o papel da gente em refletir sobre esse preconceito para desconstruí-lo. Eu costumo dizer que todas as práticas que tem como base essa matriz afro, ou ela é marginalizada, como a capoeira já foi marginalizada, como o samba já foi marginalizado, ou é demonizado, como as religiões de matriz africana, o candomblé, a umbanda, que passam por esse processo de demonização por parte de alguns grupos religiosos cristãos, e aí o que fazer com esse preconceito, né? Ele existe, é fato, não há como negar, ele existe. Então, sabendo que é um fato, que esse preconceito existe, qual o nosso papel enquanto espaço de educação? Falando como professor de História, como é que a gente. Pode pensar alternativas de combate, de reflexão sobre esse preconceito, né? Inclusive, estamos num processo aqui na Escola Romeu de Castro, a gente está desenvolvendo agora o projeto Raízes, que traz essa questão étnico racial como foco pra gente trabalhar. Sabendo desse preconceito, é importante a gente se informar, a gente buscar letramento racial, buscar, também, entender e romper com os preconceitos criados, sejam eles religiosos, sejam eles culturais, enfim. Larissa: Qual é a relevância de trazer esse debate para o ambiente escolar? Rafael: Infelizmente, aqui na escola esse debate quase sempre é levado como piada em determinadas salas. Quando falamos sobre orixás, caboclos, batuques, sempre há preconceitos que surgem de determinados estudantes... Até mesmo de alguns colegas, professores, por falta de conhecimento mesmo. Então trazer o conhecimento, antes de qualquer coisa, apresentar essa realidade, que é presente, a contribuição cultural, a contribuição como um todo para a formação da sociedade brasileira, vindo dos povos que foram escravizados, dos descendentes desses é de suma importância. A comunidade negra contribui ativamente para a construção da nossa identidade, para o que é ser brasileiro.
- A perseguição às poéticas negras no Brasil
Precisamos debater sobre o preconceito contra as artes urbanas negras Por Maria Eduarda Sousa A lei áurea, oficialmente lei n°3.353 de 13 de maio de 1888, consistiu em um documento legal que aboliu o fim da escravidão no Brasil, sendo um marco significativo em nosso país. Porém, nenhum dos ex-escravizados receberam algum suporte do governo, vivendo em situações de extrema vulnerabilidade, essas pessoas tiveram que encontrar um ambiente para criar suas raízes, história e cultura de forma independente nas periferias. Sendo assim, para se entender a arte brasileira é necessário lembrar que a estética negra tem forte participação e influência, além de ser usada como uma ferramenta para combater o preconceito racial inseridos no atual contexto social. Portanto, percebe-se que essas expressões artísticas são vistas em grafites e no movimento do hip-hop. No entanto, existe uma certa marginalização em relação a essas manifestações e um dos principais motivos é o racismo estrutural , que impacta muito em nossa sociedade. Este é um problema que, infelizmente, acompanha a história brasileira há décadas. A reflexão que fica é: Por que as artes dentro de museus são mais valorizadas do que as de rua?
- RELEMBRE: Festival Raízes na Romeu de Castro Menezes
A 1ª edição do evento destacou as raízes afrodescendentes e as influências da cultura indígena na construção da identidade brasileira Por equipe Jornal RCM Imagem: logo oficial do evento. Nos dias 14 e 15 de dezembro a escola Romeu de Castro Menezes preparava-se para ser palco do evento que promoveria uma verdadeira mostra artística e cultural partindo das temáticas afro-brasileiras e indígenas. Organização do evento Com edital publicado no dia 26 de novembro, cada turma precisou realizar a inscrição das atividades que iria apresentar nos dias do evento, sendo elas tarefas obrigatórias e complementares. Além da descrição dos elementos que seriam expostos, a ficha de inscrição também solicitava o nome dos(as) alunos(as) responsáveis por cada eixo temático. Com o objetivo de contemplar diferentes áreas do conhecimento, o evento foi divido em eixos temáticos, seriam eles: Exposição literária, Exposição artístico-cultural, Exposição Científico-matemática. Dessa forma, as turmas deveriam planejar obrigatoriamente um objeto a ser apresentado em cada eixo, podendo, se assim desejasse, expor mais de um por eixo. Para ajudar na escolha das tarefas, o edital trouxe várias sugestões de atividades: mostra de desenhos, fotografias, biografias, música, instalação etc. As inscrições das equipes foram até o dia 30 de novembro e deveriam ser realizadas pelos diretores de turma. Durante o processo, abriu-se um aditivo ao edital, a pedido dos estudantes, que solicitaram que a mostra de dança pudesse ser apresentada no pátio, com a presença de toda a escola. A gestão acatou a solicitação e recebeu inscrições de equipes de dança, podendo, assim, reorganizar o cronograma e realizar o sorteio das salas e da ordem das apresentações. Primeiro dia do Festival Raízes - 1ª edição No dia 14 de dezembro apresentou-se os 1º anos A e B, Afro-essência e Sankofa , respectivamente. Além deles, também fizem suas exposições os 2º anos A ( Honrando Memórias ) B ( Complexo do Amanhã ), C ( Cientificando o Infinito ) e D ( Krenak ). Apenas uma das três turmas de 3º ano se apresentou no mesmo dia, o 3º A, cuja equipe intitulava-se Iúva - Águas Negras . Confira alguns registros do primeiro dia do festival: Bateu saudade do evento? O Festival Raízes 2024 acontece dos dias 24 a 26 de junho, encerrando o primeiro semestre de 2024. O Jornal RCM recebe colaborações através do seguinte e-mail: prof.analet@gmail.com